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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Entrevista a Tiago Polido Treinador em Italia


Técnico Tiago Polido em entrevista ao jornal OJOGO

Um bom ladrão dos treinadores
Primeiro, queria ser médico, depois, já em alternativa, especialista em matemática aplicada, mas, um pouco mais tarde, como não se imaginava atrás de uma secretária, nem hesitou em virar o rumo para a educação física. Aí, sim, pegou de estaca. Na hora das opções na UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), em Vila Real, entre reabilitação, ensino ou treino, não teve dúvidas em escolher a última. Porque se a primeira área não o fascinava, tal como a segunda, Tiago Polido nunca foi pessoa de trilhar os caminhos do comodismo ou de assentar no... sistema instalado. E deixa no ar a interrogação: "Nunca ouviu que quanto mais dormimos, mais sono temos?". Em 2003, abre na UTAD a opção futsal na área do treino e o futuro treinador, vendo que no futebol havia 180 alunos e um dos professores dava pelo nome de Jorge Castelo, outrora figura de primeiro plano do futebol nacional, que agora treinava uma equipa da Série B, anteviu um futuro profissional complicado. E então? Nada mais fácil: "Escolhi o futsal, até porque o meu professor, Jorge Brás, eram quem treinava a equipa da UTAD, então empenhada em subir à I Divisão. Isso era uma motivação, porque tinha oportunidade de ver os treinos para compreender uma série de coisas", recorda Tiago Polido. Daí a adjunto de André Teixeira no Miramar Futsal Clube, de Vila Nova de Gaia, e depois no Sporting de Braga, tudo aconteceu num ápice, até à titularidade, durante duas épocas, na UTAD, para então investir na sua carreira, aceitando colaborar e fazer um estágio com a equipa de juniores do Lobelle, de Santiago de Compostela, cuja equipa principal está na I Divisão de Espanha. Até contribuiu para a conquista de uma Taça de Espanha e foi através do técnico Pulpis que conseguiu um contacto para treinar a equipa croata do Prodosplit. Foi um jogador desta que, no ano seguinte, o indicou ao Arzignano-Grifo, equipa da cidade italiana de Vicenza, a 80 quilómetros de Veneza. Já vai na segunda época. "Eu, o Mourinho português do futsal? Não, faço é minhas as palavras de Fabio Capello, que um dia, em entrevista, disse ser o maior ladrão dos treinadores. Isso sim, subscrevo, porque estou atento e também vou buscar coisas, seja de métodos de gestão do balneário seja de tácticas, a técnicos de referência como Mourinho, Capello, Lippi ou mesmo de outras modalidades, como o basquetebol, Pepe Hernandez ou Phil Jackson, ou ainda de colegas com quem aprendi, como Venancio Lopez, Jorge Brás ou André Teixeira".- Em Espanha a apanhar mecos... Nunca, quando iniciou o seu trajecto como técnico de futsal, Tiago Polido sonhou treinar no estrangeiro e muito menos em Itália. "Aliás, nunca me passara pela cabeça vir a ser treinador, quanto mais estar aos 28 anos no Arzignano-Grifo...", acentua. Contudo, a partir do momento que escolheu a via a seguir, aplicou-se ao máximo ("sempre a 200%", frisa), não hesitando em voltar atrás em nome da sua valorização, como quando foi estagiar para Santiago de Compostela quando poderia ter continuado na I Divisão portuguesa. "Estive em Espanha a apanhar mecos, como se costuma dizer, mas foi a partir daí que surgiu a hipótese da Croácia". Hoje, continua a trabalhar, como sempre, para conquistar títulos. "Quando surge a oportunidade, há que agarrá-la e dar o máximo, porque atrás estão '50 mil' à espera do nosso lugar. No dia em que deixar de pensar assim, estarei perdido. Hoje, posso estar aborrecido, porque o treino não correu bem, mas tenho que ser forte. Não posso deixar que o factor sorte tome conta de mim em detrimento dos frutos do trabalho".- Problemas financeiros na CroáciaA primeira experiência de Tiago Polido, natural de Coimbra mas que viveu sempre no Porto, como treinador ocorreu na Croácia, por indicação ao Prodosplit do técnico espanhol Pulpis, que havia trabalho naquele país durante cinco anos, chegando, inclusive, a sagrar-se campeão. "Os valores eram baixos, mas valia a pena, a nível de carreira, porque ia ser treinador principal, apostando num campeonato em fase de crescimento. Havia a promessa de uns reforços brasileiros, mas não foi confirmada e entretanto começou a faltar o dinheiro. Geraram-se incompatibilidades e acordei a minha saída", recordou. - Jogadores no casino Em Split, o portuense trabalhou com futebolistas croatas e checos. Face aos problemas financeiros do clube, as condições de trabalho começaram a deteriorar-se. "Um dos episódios que me deixaram impressionado foi ver jogadores que ganhavam mil euros/mês receberem o salário num dia e no seguinte gastarem-no no casino. Mentalmente, não tinham cultura desportiva de alto rendimento. Fiz o meu trabalho, treinando até alguns que tinham sido campeões em Itália. - 50 mil euros por 10 mesesTiago Polido encara o convite para treinar o Arzignano-Grifo como uma espécie de Euromilhões, mas sem dinheiro. "Não tenho um contrato do outro mundo. Não dá para estar dois/três meses sem emprego. Só tenho pressa de ganhar títulos ". O Arzignano-Grifo tem no plantel três brasileiros ex-campeões mundiais, todos já na casa dos 30 anos. São eles Márcio, Danilo e Sandrinho. A estes juntam-se ainda cinco "internacionais" italianos A, dois de sub-21, e um argentino. O jogador mais bem pago recebe 10 mil euros/mês. A média de salários (10 meses/época) ronda os 50 mil euros/época.

Fonte: OJOGO

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